Relacionando-se corretamente com o Espírito Santo
“E não entristeçais o Espírito de Deus
no qual fostes selados para o dia da redenção” (Efésios 4.30)
O que aprendemos sobre o Espírito Santo
nessa passagem?
1
– Que o Espírito Santo é dotado de personalidade: ele se entristece. Não pode
ser apenas uma energia, uma força, uma coisa.
Intelecto: 1 Co 2.10;
Conhecimento: 1 Co 2.11;
Mente (Pensamento): Rm 8.27;
Emoções:
Ef 4.30;
Vontade:
1 Co 12.11; At 16.6;
Ensino: Jo 14.26;
Testemunho: Jo 15.26;
Guia (direção): Jo 16.13;
Convencimento (persuação): Jo 16.13;
Regeneração (novo nascimento): Jo 3.5;
Intercessão: Rm 8.26;
2
– Que o Espírito é de Deus, sendo o próprio Deus. Ele não é uma criatura, um
anjo, ou algo do tipo. Ele é também chamado de Espírito de Cristo e Espírito
Santo.
Onisciência: 1 Co 2.10-12 – conhece as profundezas de Deus e do
ser humano.
Ele
é chamado de Espírito de Deus: Rm 8.9
– ter o Espírito é o equivalente a ter o Espírito de Deus.
Ele
também é chamado de Espírito de Cristo:
Rm 8.9 – Espírito de Deus e Espírito de Cristo são a mesma pessoa.
Ele
é o mesmo Espírito que ressuscitou Jesus dentre os mortos: Rm 8.11 – Somente Deus pode trazer um morto de volta
à vida. Esse é o mesmo Espírito que habita em nós.
Ele
também é Criador: Jó 33.4. Entendemos
que já há uma noção hipostática do Espírito no Antigo Testamento, e não somente
uma emanação da parte de Deus. Criação é um atributo da divindade.
Onipresença: Jo 14.17; Sl 139.7. Ele não habita em somente uma
pessoa, mas em várias, e Ele convence o mundo.
Mentir a ele equivale a mentir a Deus: Atos 5.3 (Pedro diz que Ananias mentiu ao Espírito
Santo) – Atos 5.4 (Pedro diz que Ananias mentiu a Deus)
1 Co 3.16-17 (Santuário de Deus) -
1 Co 6.19 (Santuário do Espírito Santo).
O Espírito Santo é mencionado em igualdade
com o Pai e o Filho: Mt 28.19; 1 Co 12.4-6; 2 Co 13.13; 1 Pe 1.2
3 – Ele nos selou para o
dia da redenção:
Selo – marca de propriedade
quando você creu na mensagem do evangelho
Redenção – o dia em que serão
criados novos céus e nova terra onde habita a justiça. Onde seremos resgatados
de nossa condição humana e pecaminosa. Será o fim do sofrimento de toda a
criação.
Como não entristecer o Espírito Santo?
Resumidamente: não pecar. E para o alegrar, é viver
virtuosamente o evangelho de Cristo.
Temos a dica olhando todo o contexto dos vers. 17 – 32.
Vers. 17 – 24 – Paulo diz para nós nos despirmos do velho
homem e nos vestirmos do novo homem.
Vers. 25 – Deixe a mentira e fale a verdade.
Vers. 26-27 – Não se deixe dominar pela ira.
Vers. 28 – Deixe de furtar e trabalhe para ajudar quem tem
necessidade.
Vers. 29 – Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe,
mas somente a que for boa para a edificação.
Mas a ênfase maior é
a que vem no versículo 31:
“Longe de vós, toda a amargura, e cólera, e ira, e
gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda a malícia”
Amargura
= disposição interior de uma pessoa com língua aguda como uma flecha e afiada
como uma navalha. Guarda ressentimento contra o seu próximo, e assim o fere,
com respostas que mordem ou picam.
Cólera/fúria
= forte sentimento de antagonismo que é expresso por meio de explosão
tumultuosa – ocorrendo em consonância com “amargura” e “gritaria” apontam para
um homicídio em potencial
Ira
= explosão das emoções como uma fornalha ardente.
Gritaria
= explosão violenta de uma pessoa que perde completamente o autocontrole e
despeja suas emoções com gritos
Blasfêmias/Malediências = uso ofensivo das palavras dirigidas contra Deus e os
homens.
Malícia
= má inclinação da mente, perversa disposição em causar prejuízo ao próximo,
com astúcia e falsidade.
O que mais entristece então o Espírito
Santo são os pecados da língua que
afetam negativamente os nossos relacionamentos. Entristecemos mais o
Espírito Santo nos nossos relacionamentos.
Como temos que ser então?
“Antes sede uns para com os outros
benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em
Cristo, vos perdoou”.
Benigno/bondoso = benevolência concedida pelo Espírito,
inteiramente contrária à maldade. É fazer algo de bom a alguém.
Compassivo/misericordioso = afeto de Jesus sobre a vida do
outro, é ter uma profunda empatia pelo outro, interesse.
Perdoando-vos uns aos outros = sem perdão, é impossível
qualquer tipo de comunhão.
Como Deus, em Cristo, nos perdoou: perdoamos porque fomos
perdoados.
Note que o interessante é que Paulo diz que, para não
entristecermos o Espírito e, em contrapartida, O alegrar, devemos estar atentos ao nosso comportamento e ao nosso relacionamento
com as pessoas ao nosso redor. O Espírito quer que nos relacionemos
corretamente!
Como nos enchermos do Espírito Santo?
“E não vos embriagueis com vinho, no
qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, entoando
e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais, dando sempre
graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, sujeitando-vos
uns aos outros ao temor de Cristo” (Efésios 5.18-21).
“Não vos embriagueis com vinho...”:
novamente aqui, Paulo dá uma direção “negativa”, qul seja, não se embriagar. O
uso do vinho não é proibido (1 Tm 5.23), mas sim o seu abuso. O bispo não deve
ser dado ao vinho (1 Tm 3.3), nem os diáconos (1 Tm 3.8), bem como mulheres
idosas (Tt .2.3). O filho pródigo viveu de forma dissoluta (Lc 15.13; o mesmo
termo empregado em efésios), o que certamente envolvia álcool em excesso e uma
vida desregrada.
O modo ideal para combater a embriagues e qualquer tipo de
dependência, bem como uma vida desregrada é se encher do Espírito.
O vinho era visto como uma grande fonte de alegria. Em seu sentido
religioso, era usado pelos gentios para se entrar em contato com os deuses. Mas
aqui, Paulo está indicando que a verdadeira fonte de alegria é se encher do
Espirito. E como nos encher com o Espírito?
Vers. 19: “falando entre vós com salmos,
entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais”.
Salmos: refere-se com toda probabilidade ao saltério das
Escrituras Sagradas, muito utilizado pelos cristãos antigos.
Hinos: cânticos de louvor a Deus e a Cristo, conforme temos
exemplos no Novo Testamento. (ex: efésios 5.14).
Cânticos espirituais: alguns entendem que é a lírica
sagrada. Talvez sejam aqueles cânticos de inspiração individual, como o cântico
de Maria, o de Zacarias, de Ana (no antigo testamento), etc. Eram verdadeiras
poesias!
Interessante que Paulo determina que falemos uns aos outros dessa forma. E que
devemos louvar de coração, não de
maneira meramente formal ou mecânica. Ou seja, ser cheio do Espírito acontece em meio à comunidade cantando
a Palavra. Então, para sermos cheios do Espírito Santo, precisamos ser uma
comunidade cantante! É uma comunidade que canta a Palavra!
Vers. 20: dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai,
em nome de nosso Senhor Jesus Cristo;
Ação de graças é “grato reconhecimento dos benefícios
recebidos”.
Essas bênçãos lhe foram:
a. Concedidas individualmente
b. Lhe foram dadas pela graça de Deus, ou
seja, não por mérito próprio
c. Ele era indigno delas
d. São bênçãos das mais diversas, notamente
as ligadas ao conhecimento de Deus;
O contrário de dar graças é murmurar, reclamar da vida,
falar palavras amargosas, envenenadas. Isso entristece o Espírito, como já
vimos anteriormente.
Devemos dar graças sempre, por tudo, em nome de Jesus, a
Deus Pai. Logo, seremos cheios do Espírito se tivermos uma vida e atitude de
gratidão ao Pai, por meio de Jesus Cristo.
Vers. 21 “sujeitando-se uns aos outros
no temor de Cristo”
Seremos cheios do Espirito ao servimos uns aos outros, pois
estaremos obedecendo (Mt 18.1-4; 20.28) e imitando (Jo 13.1-17) cabalmente o
Mestre! Somos cheios do Espírito não para nos isolarmos, vivermos somente para
nós mesmos, mas para servirmos uns aos outros com nossos dons.
Logo, seremos cheios do Espírito Santo
ao rejeitar cabalmente o que nos leva para a dissolução, bem como vivermos em
uma comunidade que canta a Palavra uns para os outros, tendo sempre gratidão a
Deus no coração, e sendo servos uns dos outros.